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Os featurephones estão cada vez mais smart e continuam muito populares

26/02/2019 - Positivo Tecnologia

Por Jorge Bosch*

Quem vê o atual domínio dos smartphones talvez até se esqueça dos anos de glória dos featurephones. Claro, em sua época áurea não havia essa divisão. Existiam apenas celulares com especificações avançadas para realizar ligações e enviar SMS. Mas, de fato, o que é um featurephone? Segundo o PC Mag, trata-se de um celular que tem um conjunto de funções como ligações e mensagem de texto, mas que é limitado se comparado a um smartphone, que conta, por exemplo, com uma loja de aplicativos.

 

Essa história começou há 46 anos, quando foi realizada a primeira ligação via telefone celular, e desde então teve momentos bastante icônicos. Em 1993, por exemplo, quando o Spotify e o Instagram ainda estavam bem longe de serem criados, a chegada do SMS aos celulares mais populares mudou a maneira de se comunicar, tanto que de 1995 para 2015,  a média de mensagens enviadas por aparelho por mês passou de 0,4 para 548.

 

Em paralelo, enquanto os featurephones caminhavam para sua popularização mundo afora, um primo não muito distante começava a dar as caras. Sob o nome de Simon Personal Communicator, lançado para o consumidor em 1994 pela IBM, surgia o “proto” smartphone, com touchscreen, serviço de e-mail e, acredite, fax. Com sua bateria durando cerca de 1h, custava aproximadamente U$899. Logo, o dispositivo de meio quilo não alcançou grande popularidade e os smartphones precisaram esperar mais 13 anos para voltarem aos holofotes.

 

Nesse meio tempo, as coisas seguiram evoluindo. Tivemos a transição do 1G para o 2G, o lançamento dos celulares sem antena externa, a chegada do GPS no mundo mobile, a primeira câmera em um celular, o Windows Mobile Classic, uma revolução no visual dos aparelhos, o primeiro bilhão de usuários em 2003 e o segundo em 2007. Foi então que os celulares inteligentes tomaram a frente, dominaram todos os continentes e deram início a uma nova corrida tecnológica. Mas e os featurephones? Sem a possibilidade de instalar os aplicativos mais populares, por exemplo, eles já não tinham mais o mesmo apelo de antes e acabaram passando para segundo plano.

 

Mesmo assim, os números mostram que os featurephones só foram ultrapassados pelos smarts em 2013 com seguidas quedas até 2017, quando voltaram a crescer enquanto, curiosamente, os smartphones passaram a desacelerar.

 

Na Índia, por exemplo, o segundo maior mercado de celulares no mundo, quem domina ainda são os featurephones.  O primeiro motivo é o preço, já que,
segundo levantamento da
GSMA, 134 milhões de pessoas não podem pagar pelo modelo de aparelho mais barato com conexão com internet. O segundo é a bateria, pois,
conforme aponta a World Bank, 214 milhões de indianos ainda não têm acesso a energia elétrica, fazendo com que a duração da bateria seja vital para continuar utilizando o celular por dias seguidos até que haja nova oportunidade de carregá-lo.

 

O mesmo cenário é visto em mais países e levam em conta outros fatores. Um estudo realizado pela Pew Research Center mostra que na África do Sul, por exemplo, os smartphones não são tão populares entre as pessoas com idade mais avançada e apenas 10% daqueles com mais de 50 anos possuem esse tipo de aparelho.

 

Claro que se olharmos o outro lado da moeda, as vantagens dos featurephones são provenientes das barreiras que ainda existem para o acesso à internet. Quando falamos de Brasil, percebemos certas semelhanças com os países citados, principalmente se considerarmos as regiões mais afastadas das principais metrópoles. No que diz respeito a conexão, o 4G é menos popular no Norte e Nordeste, justamente onde o 2G possui 14% e 16% de participação, respectivamente.

 

            Mesmo em locais onde há cobertura, é comum se deparar com problemas na conexão. Isso é visível quando verificamos a média de velocidade da internet mobile aqui no Brasil, 21.16Mbps, abaixo da média global que é de 25.08Mbps e atrás de países como Uruguai, Peru e Tunísia. Por tudo isso, os featurephones continuam populares entre os brasileiros. Segundo a IDC, nos três primeiros trimestres de 2018 foram vendidos 1,9 milhão de unidades.

 

            Por outro lado, uma nova categoria de celulares está chegando e deve potencializar esses resultados nos próximos anos: o smart featurephones. Considerado um híbrido entre os features e os smarts, traz o visual de um celular básico com o tradicional teclado de botões, mas potencializado por inúmeras funções, como GPS, conexão 3G/4G, loja de aplicativos, WhatsApp, Facebook, Twitter etc.

 

            Na linha de frente desta categoria está a KaiOs, empresa fundada em 2016 e que desenvolveu um sistema baseado no extinto FirefoxOs. A KaiOs ganhou grande destaque recentemente ao receber um aporte de U$22 milhões de dólares do Google para suportar aplicativos como Google Assistant, YouTube e Maps em sua plataforma. Na Índia, já são mais de 40 milhões de usuários desse sistema, e estima-se que esse número chegará a 150 milhões em todo o mundo a partir da segunda metade de 2019.

 

            Aqui no Brasil, a tendência de tornar os featurephones mais “smart” começou a ser vista no ano passado, quando a Positivo trouxe o P70, o primeiro celular básico com WhatsApp e WiFi. Para 2019, já há uma previsão de trazer uma nova versão do P70, agora com KaiOs e todas as funcionalidades do sistema.

 

Os próximos meses prometem muitas novidades para o setor de telefonia. Os smartphones contarão com o desenvolvimento do 5G, novos displays e mais câmeras, enquanto os featurephones, cada vez mais smart, apresentarão novas possibilidades para os usuários.

 

*Jorge Bosch é product marketing da área de Mobilidade na Positivo Tecnologia. É responsável pelo planejamento do portfólio e go to market de produtos. Seu trabalho envolve estudo de mercado e benchmarking, estudo de viabilidade de projetos e desenvolvimento de estratégias e posicionamento de novos produtos.

 

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