
Todos os anos são gerados milhões de toneladas de lixo eletrônico provenientes do descarte de dispositivos obsoletos ou danificados. Esse volume de resíduos emite uma diversidade de componentes e substâncias tóxicas que agravam os desafios para a preservação ambiental.
No entanto, para entendermos o impacto desse lixo no meio ambiente e as maneiras de mitigá-lo, é necessário saber primeiro o que constitui o lixo eletrônico. Se você tem interesse nesse assunto, continue a leitura!
O que é lixo eletrônico?
Lixo eletrônico é todo equipamento eletrônico descartado que atingiu o fim de sua vida útil, como computadores, telefones celulares, eletrodomésticos, dispositivos de áudio e vídeo, além de componentes eletrônicos e suas respectivas embalagens.
Também conhecidos como e-waste ou e-lixo, esses detritos eletrônicos frequentemente contêm substâncias tóxicas que podem representar sérios riscos ambientais e para a saúde humana quando não descartados corretamente.
O descarte inadequado do lixo eletrônico é uma preocupação global crescente, pois os volumes continuam a aumentar. De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o lixo eletrônico é o fluxo de resíduos sólidos que mais cresce no mundo.
Quais os tipos de lixo eletrônico?
Essa categoria de resíduos inclui uma variedade de equipamentos, componentes e acessórios. Veja os principais exemplos na lista abaixo.
- equipamentos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC): incluem computadores desktop, laptops, tablets, smartphones, servidores, roteadores e periféricos como teclados e mouses;
- eletrodomésticos: dispositivos como geladeiras, micro-ondas, máquinas de lavar, televisores e aparelhos de ar-condicionado;
- dispositivos de entretenimento: consoles de videogame, reprodutores de DVD, sistemas de áudio e câmeras digitais;
- equipamentos de comunicação: telefones fixos, rádios, walkie-talkies e outros dispositivos de comunicação;
- componentes eletrônicos: placas-mãe, processadores, memórias RAM, circuitos integrados e outros componentes utilizados na fabricação de dispositivos eletrônicos;
- pilhas e baterias: pilhas e baterias de diversos tamanhos e químicas são encontradas em muitos dispositivos eletrônicos;
- cabos e fios: cabos de alimentação, cabos USB e outros fios utilizados na interconexão de dispositivos eletrônicos também constituem uma parte do lixo eletrônico.
O descarte e a gestão do lixo eletrônico requer soluções específicas para cada categoria a fim de minimizar os impactos ambientais e promover a recuperação de materiais valiosos.
Como os lixos eletrônicos causam impacto ambiental?
Os resíduos provenientes de dispositivos eletrônicos, se descartados incorretamente, podem desencadear uma série de impactos no meio ambiente. Confira a seguir!
Liberação de substâncias tóxicas
Mercúrio, chumbo, cádmio e retardadores de chama bromados são algumas das substâncias prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente que podem ser liberadas por dispositivos eletrônicos. Quando descartados inadequadamente, essas substâncias vazam para o solo, afetando ecossistemas aquáticos e a cadeia alimentar.
De acordo com dados da ONU, esse é um problema comum no Brasil e nos seus países vizinhos. A estimativa da entidade é que 97% do lixo eletrônico da América Latina não é descartado de forma sustentável.
Emissão de gases tóxicos
O descarte impróprio de lixo eletrônico, especialmente por meio da queima ao ar livre, pode resultar na liberação de gases tóxicos na atmosfera.
Isso porque a combustão de plásticos e outros materiais presentes nos dispositivos pode gerar poluentes atmosféricos, como dioxinas e furanos, que contribuem para a poluição, gerando impactos negativos na qualidade do ar e na saúde respiratória.
Desperdício de recursos
A produção de dispositivos eletrônicos requer a extração de recursos naturais valiosos, como metais preciosos e minerais raros. O descarte prematuro desses dispositivos implica um desperdício significativo desses recursos.
A reciclagem adequada dos resíduos eletrônicos pode contribuir para a conservação desses materiais escassos, reduzindo a necessidade de extração.
Como diminuir o impacto ambiental do lixo eletrônico?
Minimizar o impacto ambiental do lixo eletrônico requer esforços tanto de indivíduos quanto das empresas. Os cidadãos comuns podem optar por métodos responsáveis de descarte, utilizando pontos específicos para dispositivos eletrônicos e evitando o descarte inadequado em lixeiras convencionais ou locais impróprios.
Para as empresas, a implementação de programas internos de reciclagem e descarte sustentável para lidar com dispositivos obsoletos é um bom começo para reforçar o compromisso corporativo com práticas sustentáveis.
Na aquisição de novos equipamentos, como notebooks e computadores corporativos, as empresas também podem priorizar fornecedores que adotam práticas responsáveis em suas cadeias de produção, oferecendo opções de reciclagem.
Quais as consequências do descarte incorreto?
Substâncias tóxicas presentes nos dispositivos eletrônicos contaminam ecossistemas terrestres e aquáticos, mas a poluição da biodiversidade não é a única consequência para o descarte incorreto desse tipo de lixo. Veja quais são os outros impactos a seguir.
Riscos à saúde humana
A inalação de gases tóxicos resultantes da queima inadequada desses resíduos, bem como o contato direto com metais pesados, pode causar problemas respiratórios, distúrbios neurológicos, efeitos carcinogênicos e complicações no sistema reprodutivo.
Impactos na economia
Muitos dispositivos eletrônicos contêm metais preciosos, como ouro, prata e cobre, que podem ser recuperados por meio de processos de reciclagem. O não aproveitamento desses materiais contribui para o desperdício de recursos e aumenta a demanda por mineração, impactando negativamente a sustentabilidade econômica.
Aumento da obsolescência eletrônica
O descarte prematuro de dispositivos eletrônicos contribui para a cultura da obsolescência eletrônica, na qual os consumidores são incentivados a substituir produtos funcionais por versões mais recentes.
É um ciclo de consumo exacerbado que leva a uma produção desenfreada de resíduos eletrônicos e à exploração desproporcional de recursos naturais.
Desafios logísticos e de gerenciamento
A falta de infraestrutura para a coleta, reciclagem e disposição final de lixo eletrônico tem como resultado práticas impróprias, como o abandono do lixo em locais inapropriados. Essa prática aumenta os riscos ambientais e agrava os desafios logísticos associados a esses resíduos.
O que diz a lei para a coleta e reciclagem de lixo eletrônico?
A legislação brasileira para coleta e reciclagem de lixo eletrônico tem sua base na Lei n.º 9.605, criada em 1998, que trata das sanções penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente.
Em busca de aprimorar a gestão de resíduos eletrônicos e prevenir o descarte inadequado, a legislação foi atualizada, dando origem à Lei Federal nº 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Popularmente conhecida como a Lei do Lixo Eletrônico, ela estabelece práticas mais sustentáveis e responsáveis ao longo do ciclo de vida dos produtos.
A PNRS introduz o conceito de “responsabilidade compartilhada” para tornar obrigatório que fabricantes, distribuidores, importadores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos tenham a responsabilidade de coletar e destinar corretamente resíduos eletrônicos.
A Lei do Lixo Eletrônico também estabelece proibições para evitar a contaminação do meio ambiente por materiais pesados presentes nos equipamentos eletrônicos. Por exemplo, é expressamente proibido realizar lançamentos desses resíduos em praias, no mar ou em corpos hídricos.
A responsabilidade compartilhada, tanto por parte dos indivíduos quanto das empresas, é a chave para atingir um equilíbrio entre o avanço tecnológico e a preservação ambiental. Então, se você gostou de aprender sobre lixo tecnológico, agora é o momento de planejar formas de descartá-lo corretamente!
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