Seria possível tornar um objeto completamente invisível, como vemos nos filmes de ficção científica? A resposta para essa pergunta agora é “sim”. Um grupo de pesquisadores do Canadá conseguiu criar o primeiro objeto completamente invisível.
As pesquisas foram conduzidas por um grupo de estudiosos do Instituto Nacional da Pesquisa Científica (INRS), localizado em Montreal, no Canadá. O trabalho dos especialistas foi revelado em uma publicação na revista Optica, uma das publicações mais importantes do segmento, mantida pela Sociedade Americana de Óptica.
A íntegra do estudo pode ser lida (em inglês) neste link. A equipe é liderada pelo professor José Azaña, de Toledo, na Espanha, e segundo o relatório essa foi a primeira vez que foi possível tornar invisível um objeto com uma pequena gama de frequências (cores) do espectro de luz visível.
O grande problema percebido até então era que a iluminação dos objetos sempre apresentava cores diferentes. Por essa razão, reproduzir cenários como esses usando a luz natural sempre foi o desafio para os cientistas e, apesar dos avanços, os resultados ainda não estavam dentro do esperado.
A solução encontrada pela equipe permite que as ondas se propaguem através do objeto, em vez de contorná-lo. O resultado é que as distorções percebidas nas ondas em volta objeto deixam de existir, mantendo o efeito de invisibilidade. Nesse caso, as cores são deslocadas para regiões do espectro que não vão ser afetadas pela propagação da luz ou pelo reflexo.
Um exemplo: se um objeto é azul, ele vai refletir cores nessa frequência. Porém, é possível deslocar esse espectro para a região verde de forma que não exista luz alguma para ser refletida. Essa inversão no deslocamento das frequências reconstrói o estado inicial da onda, resultando na ideia tão esperada pelos pesquisadores.
É normal que os consumidores pensem em usos pouco convencionais para uma tecnologia como essa. A capa de invisibilidade do personagem Harry Potter, por exemplo, é uma das ideias que vêm à mente. Contudo, há uma série de aplicações práticas que podem resultar em uma melhor experiência de uso das tecnologias para todos.
É possível reorganizar o espectro de energia do sinal para reduzir as interferências e os ruídos nas telecomunicações, por exemplo. No entanto, essas são apenas hipóteses ventiladas, uma vez que ao menos por enquanto os projetos seguem ainda em fase inicial de estudos.
Para uma segunda fase, a equipe canadense espera aplicar o mesmo conceito de invisibilidade agora em duas dimensões. Esse seria o passo natural para que no futuro possa se chegar à invisibilidade de objetos tridimensionais macroscópicos.
Azaña salienta ainda que todos os recursos para as pesquisas foram obtidos por meio de recursos públicos. Além disso, ele afirma que os resultados obtidos neste trabalho são de caráter universal, ou seja, poderiam também ser aplicados a ondas diferentes das ondas eletromagnéticas.
Fonte(s): OSA Publishing e EL PAÍS