Imagine o seu HD externo de 1 TB. Agora imagine que 700 deles poderiam ser substituídos por um composto pesando apenas um grama. Esse é apenas um dos benefícios que a Microsoft espera obter armazenar dados em DNA.
Pesquisadores do Microsoft Research trabalham atualmente em sistemas de armazenamento de informação que utilizam estruturas baseadas em DNA. Segundo a empresa, a ideia é transformar um antigo sonho em realidade nos seus data centers em, no máximo, três anos.
Seria essa iniciativa capaz de proporcionar uma nova revolução no mercado de tecnologia?
Em teoria, sim, estamos diante de algo revolucionário. O DNA é visto como a principal alternativa para substituir, muito em breve, fitas de armazenamento de dados. Razões para isso não faltam: a primeira, já mencionada, é a alta densidade de informações.
A outra vantagem é a durabilidade. Para se ter uma ideia, o DNA pode se manter intacto por um período entre cem e mil vezes maior do que uma peça de silício. É por essa razão, por exemplo, que registros de DNA são encontrados em ossadas de animais mortos há milhares de anos – enquanto um HD convencional não aguentaria mais do que algumas décadas.
O maior empecilho para o avanço mais acelerado dessa tecnologia ainda é o custo. Cálculos da Microsoft mostram que, para ser viável, os custos precisam cair 10 mil vezes. Só assim essa técnica poderia ser adotada em ampla escala. Enquanto isso não acontece, a empresa segue com testes mais restritos em parceria com a Twist Bioscience.
A técnica de transformar dados em DNA consiste na conversão de códigos digitais (os zeros e uns) em códigos biológicos (as sequências A, T, C e G do DNA). Em um cenário hipotético, os números “1” poderiam ser identificados pelas sequências “A” e “C”, enquanto os “0” seriam representados pelas sequências “T” e “G”.
Tanto os processo de leitura quanto o de gravação das informações ainda são lentos: não foi possível ultrapassar ainda os 400 bytes por segundo. Para se tornar viável, os pesquisadores buscam meios de atingir velocidades de, pelo menos, 100 MB por segundo – o que é pouco também, se comparado ao HDs atuais, mas compensador em termos de volume.
Para se ter uma ideia, o processo completo de leitura e gravação de um reduzido de dados – a palavra “HELLO” – pode levar até 21 horas. Os pesquisadores já encontraram um meio de reduzir esse tempo para 12 horas, mas ainda assim é tempo demais para que a tecnologia se prove viável.
Dada a especificidade de suas características, presume-se que, em um primeiro momento, o DNA deve ser utilizado apenas para o armazenamento de dados legais, como registros médicos e vídeos de câmeras de segurança.
Além da Microsoft, outras empresas vêm pesquisando essa tecnologia desde 2013. A companhia norte-americana parece um pouco mais adiantada em seus testes, tendo conseguido armazenar 200 MB em DNA em 2018. Para isso, adquiriu nada menos do que 10 milhões de cadeias de oligonucleotídeos.
A previsão de lançamento de um protótipo comercial, ao menos por enquanto, está completamente descartada.
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