
Com o crescimento nas tentativas de ataques cibernéticos e a necessidade de proteção dos dados, as empresas estão cada vez mais atentas à questão da cibersegurança no Brasil. Boas práticas oferecem suporte contra ataques maliciosos, reduzindo assim o risco de invasão de plataformas e outros prejuízos
De acordo com os dados do relatório sobre o Cenário Global de Ameaças da Fortinet, só no primeiro semestre de 2023, o Brasil teve 23 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos. Além disso, o país ocupou a primeira posição no ranking da América Latina.
Não é por acaso que as empresas investem em cibersegurança, afinal, esta é a única maneira de se proteger dos ataques. Mas por onde começar? O que a sua empresa precisa saber sobre o assunto?
Neste artigo, trouxemos um panorama com informações relevantes sobre cibersegurança. Entenda o que é, como funciona, a importância, como implementá-la nas empresas e quais são as principais tendências da área para os próximos anos.
Para auxiliar no desenvolvimento deste conteúdo, entrevistamos Aleksandro Oliveira Domingues Marques, Coordenador de Segurança da Informação e Privacidade da Positivo. Acompanhe!
O que é cibersegurança?
Cibersegurança, ou segurança cibernética, é um termo utilizado para se referir às práticas, processos e tecnologias projetados com voltadas para proteger redes, sistemas de computadores, dispositivos e dados contra ameaças, ataques e acessos não autorizados. O objetivo principal é a garantia de proteção, confidencialidade, integridade e disponibilidade de informações e dados digitais.
Cabe dizer também que os termos cibersegurança e segurança da informação, embora relacionados, têm diferenças. A cibersegurança é mais específica, focando em proteger sistemas digitais contra ameaças online imediatas, como malware e phishing.
Já a segurança da informação é mais abrangente, cobrindo todas as formas de informação, incluindo dados físicos, e envolve práticas estratégicas, como gestão de riscos, controle de acesso e políticas organizacionais. Enquanto a cibersegurança utiliza tecnologias específicas, a segurança da informação incorpora elementos físicos, políticos e procedimentais, visando uma proteção contínua e abrangente.
Dito isso, todas as empresas, independentemente do seu porte ou segmento de atuação, estão suscetíveis a ataques cibernéticos. Essas ameaças podem assumir diferentes formas: vírus, malware, ransomware, phishing, entre outros.
Para mitigar riscos e ampliar a proteção, há uma série de medidas que precisam ser adotadas pelas empresas, entre elas, destacamos:
- adoção de sistemas de prevenção, como antivírus, VPN, firewalls e sistemas de detecção de intrusão;
- ferramentas de identificação de atividades suspeitas e não autorizadas nos sistemas;
- elaboração de planos de resposta a incidentes visando a implementação de ações para minimizar os danos;
- treinamento dos usuários abarcando boas práticas de cibersegurança e prevenção.
As empresas devem estar cientes de que, à medida que a tecnologia avança, as ameaças também evoluem. Por isso, a área de cibersegurança deve ser objeto de investimento contínuo e constante evolução.
Qual a importância da cibersegurança?
A cibersegurança deve integrar as estratégias de gestão e mitigação de riscos das empresas. Há uma série de razões que justificam a importância de investir nesse assunto. A seguir, destacamos algumas das principais.
Proteção de dados sensíveis
As empresas têm contato diário com uma quantidade significativa de dados sensíveis, entre eles, informações sobre clientes, dados financeiros e sigilosos sobre propriedade intelectual. Portanto, uma violação de segurança pode causar a exposição desses dados, gerando perdas financeiras, problemas legais e danos à reputação da organização.
Conformidade legal
Muitas empresas e setores têm regulamentações rigorosas relacionadas à segurança de dados, ainda mais com o estabelecimento da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) — as instituições que trabalham com saúde são um grande exemplo disso. Então, para garantir o cumprimento dessas orientações e normas, as organizações devem investir em boas práticas, evitando a aplicação de penalizações legais.
Preservação da reputação
A confiança dos clientes é indispensável para que qualquer negócio alcance o sucesso. Incidentes envolvendo a cibersegurança podem abalar a confiança, resultando em danos significativos e, muitas vezes, irreparáveis à reputação da empresa.
Redução de riscos de interrupção das operações
Ataques cibernéticos podem interromper as operações normais da empresa, prejudicando um ou mais setores. Isso gera perda de receita e produtividade, afetando a organização e trazendo prejuízos significativos.
Segurança da cadeia
Muitas empresas estão interconectadas com outros negócios, e a segurança de uma organização pode depender do nível de proteção que seus parceiros têm. Assim, investir em cibersegurança é uma estratégia que protege não só a operação, mas todas as outras pontas ligadas a ela.
Prevenção contra perdas financeiras
Incidentes cibernéticos podem trazer prejuízos financeiros consideráveis para as empresas, incluindo custos legais, custos de recuperação e pagamento de indenizações a terceiros prejudicados.
Perceba que são muitos aspectos a serem considerados. E é justamente nesse contexto que se destaca a necessidade de as empresas incluírem o tema de cibersegurança em seus planejamentos. Aleksandro Oliveira Domingues Marques, Coordenador de Segurança da Informação e Privacidade da Positivo, destaca:
“Não investir em segurança deixa uma empresa vulnerável a uma ampla gama de ameaças. Além das consequências financeiras e operacionais, a falta de investimento pode resultar em danos irreparáveis à reputação, perda de clientes e problemas legais.”
Em um mundo cada vez mais digital, a cibersegurança não é uma opção, mas uma necessidade. Ela é capaz de garantir a proteção e a manutenção das atividades, gerando mais confiança aos stakeholders.
Quais são os métodos de ataque mais utilizados?
Entre os métodos de ataque mais utilizados pelos criminosos está o phishing. Ele é um tipo de ataque que usa e-mail, SMS, telefone e técnicas de engenharia social para induzir a vítima a compartilhar informações pessoais ou a baixar arquivos maliciosos que instalam vírus nos dispositivos.
Outro método bastante comum é o malware, um programa ou código criado com a intenção de causar danos à rede, ao computador ou ao servidor. Ele é o tipo mais comum de ataque e contempla diversos subtipos: os trojans, vírus, spyware, bots, keyloggers, entre outros.
Há também o ransomware, que atua como uma espécie de sequestro digital. Um código malicioso restringe o acesso ao sistema afetado, deixando os dados inacessíveis. Geralmente, os criminosos exigem um resgate, a ser pago em criptomoedas devido à sua dificuldade de rastreamento.
Por fim, outro ataque bastante comum é o Denial-of-Service (DoS), que inunda a rede com solicitações falsas para interromper as operações comerciais. Neste tipo de ação, os usuários não conseguem realizar tarefas rotineiras, como acessar e-mails e contas ligadas ao computador ou à rede comprometida.
A seguir, listamos alguns sinais que vão ajudá-lo a identificar esses ataques:
- e-mails, mensagens e ligações solicitando informações pessoais ou sensíveis;
- comportamento incomum do sistema, lentidão repentina, pop-ups persistentes;
- arquivos ficam inacessíveis repentinamente;
- site ou rede indisponível, velocidade da internet reduzida;
- tráfego incomum no sistema de login.
O que fazer para garantir a cibersegurança nas empresas?
Assegurar a cibersegurança é uma missão para as empresas. Considerando a natureza dinâmica e em constante mudança do panorama de ameaças cibernéticas, a prática deve ser implementada como uma estratégia permanente do negócio.
Aleksandro aponta algumas estratégias cruciais que as empresas devem implementar para reforçar sua postura de cibersegurança. Confira!
- conduzir avaliações regulares de riscos a fim de identificar e compreender as ameaças em potencial e vulnerabilidades no ambiente da empresa;
- desenvolver e implementar políticas de segurança claras, abordando questões relacionadas ao uso aceitável da tecnologia, gestão de senhas, acesso a dados e dispositivos, entre outros;
- fornecer treinamentos regulares de conscientização em segurança para funcionários, abordando práticas de segurança online e reconhecimento de riscos;
- utilizar softwares antivírus, antimalware e firewalls em todos os dispositivos finais para proteger contra ameaças que possam surgir localmente;
- manter os sistemas operacionais, aplicativos e softwares de segurança sempre atualizados para corrigir as vulnerabilidades conhecidas;
- implementar práticas de gestão de identidade e controle de acesso, incluído autenticação por múltiplos fatores — garantindo que apenas os usuários autorizados tenham acesso a sistemas e dados;
- estabelecer o monitoramento contínuo da rede para identificar padrões incomuns que possam apontar atividades maliciosas;
- realizar backups regulares de dados críticos e criar planos de recuperação de desastres para minimizar os danos em caso de incidentes;
- adotar práticas de segurança na nuvem, incluindo a configuração adequada de permissões, monitoramento de atividades e criptografia de dados sensíveis;
- realizar testes regulares de penetração a fim de avaliar a resistência dos sistemas e identificar possíveis vulnerabilidades.
Além de todas essas práticas, é importante que a empresa estabeleça procedimentos claros de gestão de incidentes a fim de responder rapidamente a qualquer violação de segurança. Aleksandro, destaca:
“A empresa também deve atentar para a conformidade regulatória. Garantir a conformidade com regulamentações e padrões de segurança específicos da indústria aplicáveis à empresa é essencial.”
Também é recomendado que a empresa participe de comunidades de segurança, compartilhando informações sobre ameaças e colaborando com outras organizações. A criação de um grupo que trabalhe conjuntamente, se ajudando e promovendo ações de proteção, tem uma eficácia interessante.
Além disso, é possível encontrar opções de seguros específicos contra ciberameaças. Essas soluções podem ajudar a mitigar os custos associados a incidentes envolvendo a segurança.
Ainda, manter-se atualizado sobre as tendências e evoluções no cenário de ameaças cibernéticas é fundamental. Com base nesse conhecimento, as estratégias de segurança da empresa podem ser ajustadas conforme a necessidade.
A combinação dessas medidas contribuirá significativamente para que a empresa construa uma barreira de proteção robusta contra as ameaças.
Quais são os tipos de proteção que a empresa deve incluir em suas estratégias de cibersegurança?
Além das estratégias que mencionamos no trecho anterior, uma série de ferramentas de segurança podem ser incluídas no plano de cibersegurança da empresa. Entre eles, destacamos as que estão listadas a seguir.
Segurança de rede
Para proteger a rede é interessante implementar firewalls que realizarão o monitoramento e controle do tráfego de rede, permitindo ou bloqueando as comunicações com base na política de segurança.
Segurança de endpoints
Implementação de softwares de proteção contra vírus e malware em dispositivos finais, como computadores e dispositivos móveis. Além disso, é indicado promover o gerenciamento de acessos e permissões para dispositivos finais, garantindo que apenas os dispositivos autorizados consigam acessar a rede.
Segurança de aplicativos
Realização de testes regulares de segurança em aplicativos a fim de identificar e corrigir vulnerabilidades. Somado a isso, é recomendada a implementação de Firewalls de Aplicativos Web (WAF), que oferecem proteção contra ameaças específicas de aplicativos da internet, como injeção de SQL e cross-site scripting.
Segurança de dados
Utilização da criptografia para proteção de dados sensíveis, garantindo que apenas usuários autorizados acessem informações confidenciais. Ainda, recomenda-se a implementação de políticas para evitar a transferência não autorizada ou a divulgação de dados confidenciais.
Identidade e controle de acesso
Com práticas de gestão de identidade, a empresa administra a identificação dos usuários, garantindo que apenas pessoas autorizadas tenham acesso a sistemas e dados.
Além disso, a autenticação multifatorial é uma medida de cibersegurança recomendada quando a autenticação para verificação da identidade do usuário deve trazer um reforço adicional à segurança.
Segurança em nuvem
Esta é uma extensão das práticas de gestão de identidade para ambientes de nuvem, controlando quem tem acesso a recursos dispostos nesse ambiente. Além disso, recomenda-se a prática de acompanhamento contínuo das atividades para identificar comportamentos suspeitos.
Conscientização e treinamento
A educação regular dos funcionários sobre práticas seguras na internet e reconhecimento de ameaças, como phishing, é fundamental. Esta é uma das melhores formas de eliminar problemas relacionados à engenharia social, por exemplo.
Monitoramento e resposta a incidentes
Diz respeito à integração de operações de segurança (SecOps) com processos de TI para detectar e responder rapidamente a qualquer problema.
Análise de segurança
Enquadra-se nesta categoria o monitoramento contínuo de logs e atividades para identificar indicadores de comprometimento.
Segurança física
Restrição do acesso físico a instalações críticas de TI para prevenir ameaças internas.
Práticas de recuperação
Implementação de políticas eficazes de backup e planos de recuperação para minimizar o impacto de incidentes.
Governança de dados
A governança de dados é uma etapa que deve ser considerada na combinação de estratégias de cibersegurança das empresas. Neste contexto, o entrevistado destaca:
“A governança de dados é uma parte essencial da segurança cibernética. Ao garantir que os dados sejam gerenciados de forma eficaz e segura, as empresas podem reduzir o risco de violações de segurança e proteger seus ativos mais valiosos: seus dados.”
Quais são as principais tendências de cibersegurança para os próximos anos?
As empresas precisam estar atentas às boas práticas de segurança empresarial, especialmente no que diz respeito à cibersegurança. Afinal, como você viu, à medida que a tecnologia evolui, também evoluem as práticas criminosas no ambiente digital.
Por isso, acompanhar as tendências permite que a organização esteja preparada para lidar com os desafios que ainda podem surgir. E a primeira delas é a segurança em nuvem. Esta prática está se tornando cada vez mais relevante no contexto empresarial diante da crescente adoção de serviços baseados em nuvem.
O Machine Learning é outra tendência que chama atenção, uma vez que a aprendizagem de máquina é especialmente útil na identificação e mitigação de ameaças cibernéticas. Aleksandro aponta ainda outras tendências interessantes:
“A segurança cibernética móvel também está crescendo. Com o uso crescente de dispositivos móveis no ambiente de trabalho, garantir a proteção desses dispositivos tornou-se essencial.”
“Não podemos deixar de mencionar os ataques de Ransomware, que estão evoluindo. Embora a quantidade de resgates solicitados seja menor, a escala de ataques vem aumentando.”
Essas tendências refletem a natureza das ameaças cibernéticas que permanecem em constante evolução. Além disso, sinalizam a necessidade de as empresas se adaptarem para que estejam prontas para se protegerem de maneira eficaz.
Agora que você tem conhecimento sobre o que é cibersegurança, percebe que este é um tema urgente, que deve integrar as medidas de proteção do seu negócio. Sendo assim, a implementação de boas práticas é a garantia de proteção financeira, operacional e jurídica.
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