
Muito se fala sobre a TI estratégica e as competências a serem desenvolvidas pelo profissional desse setor. No entanto, também é importante destacar que a mudança de postura é fundamental para alcançar esse resultado. Afinal, o especialista é o principal player para definir essa característica do setor.
Nesse cenário, é preciso saber se posicionar em termos de conhecimentos técnicos, competências socioemocionais e automotivação. Dessa maneira, você conseguirá gerar valor para a área e alinhar as atividades executadas pela TI ao planejamento estratégico da companhia.
Neste post, vamos abordar esse assunto. Explicaremos em que consiste a TI com atuação estratégica, como você pode apresentar e criar valor para o setor e as práticas que pode adotar para ser reconhecido além do operacional.
Então vamos lá?
O que é a TI estratégica?
Antigamente, esse setor tinha uma atuação exclusivamente direcionada ao suporte para outros departamentos. Atualmente, suas atividades vão além e ajudam a tomar decisões relevantes para o negócio, aprimorar a qualidade de produtos e serviços, conquistar mercados e fazer a empresa crescer nos aspectos tecnológicos.
É por isso que o vice-presidente do Gartner Group, Cassio Dreyfuss, afirmou: “Com o passar do tempo, a TI deixou de ser uma ferramenta de suporte para ser uma ferramenta de capacitação e criação de negócios”. A questão é: o que leva o setor a adotar essa postura?
Tudo depende dos profissionais. É importante que eles foquem nas estratégias de TI — tecnologia, aplicações, competências e habilidades e benefícios — para possibilitar a realização de inovações e alcance de novos canais e mercados. Esse contexto precisa ser ajustado à realidade organizacional e considerar o planejamento estratégico traçado. Caso contrário, será difícil obter um retorno significativo.
Em outras palavras, a TI deve trabalhar em sinergia com as outras áreas do negócio a fim de gerar oportunidades e estruturar o caminho para um fluxo de trabalho melhor. Quando se alcança esse patamar, diversas situações se modificam:
- a TI se torna um elemento de vantagem competitiva e deixa de ser um centro de custo;
- os recursos são direcionados para uma gestão eficiente;
- a definição de políticas e arquiteturas tecnológicas cria padrões que diminuem os custos e os riscos, além de possibilitar o reaproveitamento de recursos;
- o ambiente informacional que propicia o surgimento de estratégias é fortalecido.
Como gerar valor para a área?
Muitas empresas já veem a TI como um setor estratégico e relevante para os negócios. No entanto, ainda há gestores que acreditam que a área é um centro de custo ou backoffice. Nesse contexto, é fundamental gerar valor para a organização e comprovar por meio de resultados.
O primeiro passo é permitir que a TI administre e planeje os recursos — infraestrutura, aplicativos, informações e pessoas — com eficiência. Essas 4 variáveis maximizam o valor agregado devido aos seguintes motivos:
- a empresa precisa produzir mais rápido e com qualidade;
- os aplicativos devem refletir as necessidades do negócio e de dos diversos departamentos;
- a infraestrutura deve permitir a execução adequada dos aplicativos para gerar as informações necessárias e reduzir os riscos;
- as pessoas devem estar nos lugares certos para conseguirem planejar, organizar, implementar, adquirir, suportar, entregar e avaliar os serviços e sistemas de informação.
Em seguida, é necessário mensurar o retorno sobre o investimento (ROI). Essa é a linguagem utilizada pelos gestores e que demonstra que a TI reduz custos quando tem um direcionamento estratégico. Para calcular esse indicador é preciso adicionar os custos e somar os benefícios. O resultado indicará se as ações executadas foram positivas ou não.
Ainda vale a pena definir uma missão com uma linguagem proativa, inclusiva, de incentivo à inovação sistemática, que foque o cliente externo e que seja integrada e contribua com o sucesso da organização. Dessa maneira, você, como profissional, consegue:
- elaborar projetos que incentivam a transformação digital do negócio;
- articular-se com os executivos da empresa;
- contratar talentos que coloquem a missão em prática;
- não ser direcionado pelas estratégias tecnológica dos fornecedores, compreendendo que eles ajudam a tornar realidade a visão de futuro da empresa.
Para chegar a todos esses aspectos é necessário que você esteja capacitado em questões técnicas e comportamentais (soft skills). É indispensável integrar sistemas para possibilitar o acesso facilitado aos dados e explicar o que a área faz de maneira didática para outros setores da organização. O que vem dessas atividades é o aumento da eficiência e a conquista de melhores resultados.
Como pensar e ser reconhecido além do operacional?
A atuação holística do profissional de TI é essencial para que esse setor se posicione de maneira estratégica. É importante que esse direcionamento da área tenha em foco o dinamismo e a proatividade para trazer respostas preditivas e rápidas às demandas do negócio.
É o caso, por exemplo, de haver a necessidade de compra de softwares para a gestão de departamentos internos. Nessa situação a TI deve cuidar dos requisitos, funcionalidades e arquitetura, mas também atentar aos padrões adaptados à realidade organizacional. Esse é o segredo da atuação estratégica da TI.
Porém, há outras dicas que podem ser seguidas para pensar e ser reconhecido além do operacional:
Conheça a empresa
O conhecimento técnico é insuficiente para ter uma atuação estratégica. É importante conhecer o mercado e a área de atuação do negócio para saber quais atitudes serão diferenciais nesse setor. Por exemplo: se você sai do varejo e vai trabalhar com shopping centers, visite diversas unidades, converse com gerentes locais e procure vivenciar a experiência dos usuários para compreender a linguagem e a realidade da empresa.
Essa atitude é importante para saber priorizar investimentos e ter um discurso alinhado aos de outros setores. Além disso, essa é a maneira mais adequada de solucionar problemas, já que cada contexto é diferente.
Identifique o orçamento da TI
Os investimentos em Tecnologia da Informação variam de acordo com o porte e o tipo da empresa. O profissional da área deve conhecer os números da empresa para projetar equipe, tecnologias, serviços e processos que condizem com a realidade orçamentária. Por exemplo: se a receita prevista é de R$ 100 milhões, é provável que a TI tenha entre R$ 4 milhões e R$ 8 milhões para gastar durante o ano todo.
Determine o pace-layered dos serviços de TI
A ideia, aqui é trabalhar a arquitetura empresarial para que as camadas de aplicações e serviços permitam o alcance da estratégia. Isso é feito pela definição dos locais em que a TI investirá em tecnologia de ponta, qualificação das equipes internas e melhoria dos níveis de serviço, bem como de onde aceitará os padrões prontos oferecidos pelo mercado.
Por exemplo: os sistemas de inovação ajudam a aumentar a competitividade e a ter novas ideias. Os de diferenciação focam as ideias de melhorias e os processos únicos. Já os de registro trazem mais eficiência e ideias comuns.
Mantenha o foco
A TI voltada ao estratégico é difícil de ser mantida. Você pode ter todo o trabalho anterior para implementar essa prática, mas pode colocar tudo a perder por conta de distrações que surgem no dia a dia, como líderes que exigem a aprovação de projetos sem prioridade, pressão dos fornecedores para testar novas tecnologias, dispersão da equipe e por aí vai. É preciso saber dizer “não” para continuar as operações conforme o planejado. Assim haverá a geração de valor para o negócio e você conseguirá provar os resultados alcançados.
Como você pôde perceber, ter um papel estratégico requer atenção e cuidado com as atividades executadas. É preciso atuar de forma a ir além do operacional e reconhecer a importância da TI para o planejamento do negócio.
Agora que você entendeu qual o seu papel na TI estratégica da empresa, que tal aprofundar esse assunto? Leia sobre os desafios do CIO do futuro e veja como se preparar para esse novo contexto.