Os Podcasts estão se transformando em uma verdadeira febre global. Empresas como Apple e Spotify têm travado uma batalha feroz para dominar o segmento, que já conta com mais de 190 milhões de ouvintes apenas nos Estados Unidos. Segundo relatório de 2019 da Voxnest, o Brasil é o segundo colocado entre os países que mais consomem o formato, razão pela qual estamos sendo chamados de “O país do Podcast”.
O catálogo é extremamente farto: apenas no ano de 2020 foram 900 mil podcasts lançados mundialmente. Mas se engana quem acha que eles servem apenas para entretenimento: muitos dos podcasts produzidos atualmente têm teor educativo, abrangendo áreas como Matemática, Filosofia, História, Inglês e Biologia.
Isso tem levado muitas escolas e universidades a repensar o formato das atividades realizadas dentro e fora da sala de aula, adaptando esses conteúdos para a realidade de seus estudantes. Por isso, hoje mostraremos como professores podem utilizar os Podcasts como uma ferramenta inovadora (e divertida) de aprendizado.
Se antes o rádio ocupava o espaço da mídia em áudio, agora é a vez dos Podcasts. Esse é um novo formato, no qual programas são gravados e disponibilizados online, para que os ouvintes possam fazer o download ou o streaming. O termo podcast é a junção entre “iPod” e “Broadcast”. Ele foi criado pelo jornalista Ben Hammersley, da BBC, no ano de 2004, sendo popularizado online pelo VJ e empreendedor Adam Curry.
Os Podcasts têm uma linguagem que “fala” diretamente com o público mais jovem. Eles são acessíveis, podem ser ouvidos a partir de um PC, notebook ou smartphone, onde quer que a pessoa esteja, sendo uma das opções mais versáteis para o consumo de conteúdo, atualmente.
Os ouvintes podem colocar o podcast para tocar e guardar o celular no bolso, bastando um fone de ouvido para curtir os programas enquanto se deslocam para o colégio, faculdade ou trabalho. Além de consumir um volume consideravelmente menor de dados em relação ao vídeo, o formato permite fazer outras coisas em paralelo, sendo um “ganho de tempo” para a maioria.
Esses são alguns dos fatores que têm impulsionado a popularidade deste formato. Conforme pesquisa do Ibope, mais de 50 milhões de brasileiros já ouviram um podcast, dos quais 19% o fazem diariamente.
A partir desses dados, percebe-se que muitos dos alunos brasileiros já tiveram contato com podcasts em alguma medida. Em entrevista ao portal Fundação Telefônica Vivo, o jornalista e mestre em educação Douglas Calixto ressaltou que hoje “a vida das pessoas é influenciada pelos memes, pelas redes sociais, pelo conteúdo dinâmico e de fácil acesso. Por isso faz sentido usarmos o podcast em sala de aula, porque ele mobiliza afetos e faz parte da vida dos estudantes”.
Nesse contexto, o podcast é uma ferramenta que quebra a expectativa, captura a atenção dos alunos e ao mesmo tempo gera uma sensação de familiaridade, facilitando o desenvolvimento de atividades em sala de aula.
A especialista Kellen Bonassoli, psicopedagoga e colaboradora do Mundo Podcast, afirma que há diversas formas de trabalhar esse formato em sala de aula. Ela sugere o uso dos podcasts para estimular o aprendizado auditivo, aplicando os programas de diversas maneiras, tais como:
– Envolver os alunos em histórias narradas durante podcasts
– Trabalhar com experimentos sonoros e a física dos sons
– Criação de radionovelas
Para a utilização do Podcast como uma ferramenta de ensino, outra sugestão é trabalhar com recortes mais curtos para manter o foco e a atenção dos alunos durante a classe, afinal, nem todos têm a mesma afinidade com o aprendizado auditivo.
Em vez de fazer com que os alunos sejam ouvintes dos Podcasts, por que não inverter esse papel? É o que têm feito muitos cursos de graduação e pós-graduação, colocando os alunos como produtores de conteúdo e de podcasts. Todas as ferramentas necessárias para a gravação, edição, produção e compartilhamento do podcast estão dentro do smartphone.
Os professores podem criar rodadas de debate sobre temas atuais ou sobre tópicos disciplinares específicos, estimulando a capacidade crítica dos alunos. Além disso, a gravação de um podcast é um excelente exercício de discurso e oralidade, que favorece a socialização e o debate saudável de ideias.
Além da opção de trabalhar os podcasts em sala, os professores podem utilizá-los como ótimas ferramentas complementares ao ensino presencial. O formato assíncrono e a possibilidade de ouvir os áudios a qualquer momento fazem deles ótimas opções para tarefas, redações e debates.
Por isso, eles podem ser indicados como tarefas para casa, ou ainda como fontes para trabalhos e seminários de menor escala.
Há inúmeros podcasts nacionais na área de educação. Os temas também variam bastante, tratando de áreas como idiomas, Biologia, Física, Química, Matemática, Geopolítica e História. Confira a seguir alguns dos podcasts educacionais mais conhecidos:
– Scicast: Podcast interessante para ajudar alunos com dificuldades nas disciplinas de Química, Matemática e Física. Utiliza problemas do cotidiano para explicar a teoria de uma forma mais descontraída.
– Aprenda inglês com música: quem não gosta de cantarolar uma boa música? Esse podcast faz disso uma excelente ferramenta de ensino, tratando de curiosidades sobre as músicas e sobre o idioma.
– Resumov: dicas importantes para alunos focados na aprovação do ENEM.
– Fronteiras da Ciência: Podcast da UFRGS que trata de temas científicos, mas de modo descontraído.
– Jornal da USP: podcast para o mundo acadêmico, tratando das descobertas mais recentes e também dos embates atuais.
– Xadrez Verbal: Política internacional em foco com os acontecimentos mais atuais.
Esses são apenas alguns exemplos dentre os milhares de podcasts educacionais disponibilizados atualmente em plataformas como Spotify, Deezer e Apple Music. Com tanta versatilidade trazida pelos podcasts, os professores têm a oportunidade de adaptá-los ao cotidiano de ensino, facilitando o aprendizado dos alunos com toques de inovação e tecnologia.
E você, como pretende aderir a essa novidade?