Você já imaginou a possibilidade de produzir uma bateria à base de papel? Cientistas da universidade norte-americana de Binghamton decidiram seguir em frente com essa ideia e o resultado do estudo é o artigo “Green Biobatteries: Hybrid Paper-Polymer Microbial Fuel Cells”.
Nele, os pesquisadores relatam o desenvolvimento de uma bateria biodegradável baseada em papel e com algumas características peculiares: elas são mais eficientes do que o resultado de outros projetos de bateria que tiveram o papel como base.
O principal chamariz da iniciativa é o fato de que as novas baterias são biodegradáveis e, por essa razão, podem ser uma alternativa ecologicamente correta para muitas situações.
Porém, todos os testes que haviam sido feitos até agora resultaram em baterias que não tinham poder suficiente para o uso convencional no dia a dia.
Os cientistas da Universidade de Binghamtom conseguiram reverter esse panorama. Isso foi possível graças à utilização de um híbrido de polímeros de papel. Essa matéria-prima dá às baterias propriedades biodegradantes, ou seja, elas podem se dissolver em água.
“Nossa bateria de papel híbrido exibiu uma relação de custo-benefício muito maior do que todas as baterias microbianas baseadas em papel relatadas anteriormente”, afirmou Seokheun Choi, um dos cientistas envolvidos no projeto.
Finas camadas de metal e outros materiais são impressas no papel e uma bactéria especial liofilizada (desidratada e congelada) também é adicionada. Essas bactérias, chamadas exoeletrogênicas, expulsam elétrons de suas células enquanto consomem matéria orgânica para produzir energia.
O projeto tem ainda como pontos positivos o fato de que as estruturas de papel são leves, flexíveis e baratas. Isso significa que caso o processo possa ser replicado em larga escala, será possível reduzir custos e tornar a implantação delas em outros produtos um processo possível. A íntegra do trabalho pode ser vista nesse link, em inglês.
O trabalho foi apresentado também à American Chemical Society, em Boston. A imprensa internacional tem destacado o fato de que essas baterias evitariam a contaminação do solo e das águas com produtos químicos nocivos ao meio ambiente.
Embora o projeto apresentado nos Estados Unidos seja o mais bem-sucedido nesse sentido, baterias à base de papel não são exatamente uma novidade. Há pelo menos uma década há relatos de diversas pesquisas espalhadas pelo mundo tentando encontrar a melhor forma de otimizar essa matéria-prima para se obter bons resultados.
Contudo, existe uma grande distância entre a evolução conseguida pelos acadêmicos e a possibilidade de tornar esse processo algo factível em escala comercial.
Primeiramente, é preciso provar a viabilidade econômica da ideia e, depois, encontrar empresas que estejam interessadas em investir em mais pesquisas.
Somente com os resultados positivos é que se pode pensar no início de uma produção em grande escala. Para isso, no entanto, é preciso que existam outras empresas interessadas em utilizar essas baterias. Trata-se de um processo lento e que pode levar mais de uma década para se tornar realidade.
Fonte(s): Eurek Alert e CanalTech