O processo de fusão e aquisição é bem comum, tanto no mercado internacional quanto no mercado nacional. As empresas apostam nessa estratégia para crescer e se fortalecer no mercado, aumentando a competitividade — a fim de se destacar dos concorrentes e conquistar um público cada vez maior.
Além de planejar questões financeiras, a sinergia entre os processos e o período de transição, também é preciso avaliar pontos relacionados à TI (como a troca de informações e a integração dos sistemas). Nem sempre essa parte recebe a devida atenção e, no artigo de hoje, vamos mostrar qual é o papel do setor no sucesso dessas operações. Confira!
O que é fusão e aquisição?
O termo fusões e aquisições — com origem no inglês “merger and acquisition”, ou M&A — reflete operações que são realizadas por empresas, onde uma delas adquire a outra ou então ambas se juntam para formar uma composição.
O que é uma fusão?
Uma fusão é uma operação onde duas (ou mais) empresas se unem para criar uma nova organização. Como o nome sugere, é feita uma combinação entre elas, criando um novo negócio — enquanto cada um deles, individualmente, desaparecem.
Assim, surge uma nova sociedade, que assume as atividades e obrigações que as anteriores tinham antes da fusão. Mas, para isso, é necessário fazer uma reorganização e adequação dos processos para garantir um bom desempenho.
Um dos casos mais conhecidos no Brasil é a união entre os bancos Itaú e o Unibanco, que, juntos, passaram a formar o Itaú Unibanco.
O que é uma aquisição?
Já as aquisições ocorrem quando uma empresa é adquirida por outra. Isso não quer dizer, necessariamente, que a organização que foi comprada deixará de existir. Ela pode permanecer no mercado com o mesmo nome, porém sob uma nova gestão.
Nesse caso, a empresa compradora passa a ter controle — que pode ser total ou parcial — da empresa que foi vendida, dependendo da forma como a negociação foi realizada.
Um bom exemplo de aquisição aqui no Brasil foi aquisição, feita pelo Bradesco, do banco HSBC.
Por quais motivos elas podem ocorrer?
Existem diversos motivos para que duas empresas decidam se unir — quer seja na fusão, seja na aquisição. Entre os principais, podemos citar:
- estratégia de mercado;
- oportunidade de adquirir uma empresa pelo valor abaixo do mercado;
- gerar sinergias (associações);
- aumentar a eficiência dos recursos.
Quais vantagens elas proporcionam para as empresas envolvidas?
As fusões e aquisições são vantajosas para as empresas. Considerando o cenário brasileiro, vamos citar alguns benefícios que podem ser alcançados. Veja:
Aquisição de marca e canal de distribuição consolidados
A aquisição de outra empresa permite contar com um negócio já estabelecido no mercado, com uma carteira de clientes bem desenvolvida e trabalhada. Dessa forma, com essas questões estratégicas já resolvidas, economiza-se bastante tempo e investimento para se chegar a esse patamar — o que seria necessário em caso de iniciar um novo empreendimento.
Eliminação de um possível concorrente
Ao fazer a aquisição de uma empresa no mercado, existe a possibilidade de se comprar um concorrente em potencial. Além de tornar o seu negócio mais competitivo, diminuir os concorrentes pode ser sinônimo de aumentar a margem de lucro do seu negócio.
Aumento do poder de mercado
Já pelo lado da fusão, a organização que surge com a união de outras empresas, torna a corporação mais estruturada no mercado, com maior poder de barganha, mais competitiva e transmitindo uma imagem mais forte — tanto para clientes, quanto para fornecedores e concorrentes.
Redução de custos
A fusão também permite que os custos operacionais sejam reduzidos ao integrar as operações. Com a possibilidade de eliminar tarefas duplicadas e desnecessárias, é possível diminuir os dispêndios — o que se traduz em aumento da lucratividade para o novo negócio.
Quais riscos podem ser enfrentados?
Apesar das vantagens que a M&A pode proporcionar para as empresas, ainda é preciso identificar, analisar e controlar os riscos. Em alguns casos, esse tipo de avaliação pode mostrar que uma fusão ou aquisição pode não ser o melhor investimento para o negócio — mostrando resultados desfavoráveis. Entre os principais, estão:
Riscos organizacionais
Estão ligados a sistemas, processos e pessoas, ou seja, tudo aquilo que é crucial para o sucesso de uma empresa. Portanto, deve-se trabalhar para implementar processos de trabalho mais eficientes, identificar e reter talentos, desenvolver uma cultura voltada para a criação de valor e inovação e garantir a integração entre os sistemas de informação.
Solucionando essas questões, é possível que a gestão seja mais eficaz, com uma tomada de decisão mais acertada. Vale lembrar que, para isso, deve-se solucionar os conflitos culturais, identificar as pessoas-chave e investir na retenção delas e contar com a TI para promover uma integração adequada.
Riscos econômicos
Aqui, existem duas possibilidades:
- o ganho e a sinergia serem aquém do planejado/esperado;
- pagar um valor acima do ideal pela empresa adquirida.
Riscos financeiros
Estão ligados aos impactos sobre a demanda, aumento do custo dos produtos ou insumos, variações no câmbio e qualquer outro aspecto que possa afetar os resultados de uma organização alavancada — como é o caso de quando se conclui uma fusão ou aquisição bem-sucedida.
Aqui, é preciso fazer uma reflexão a respeito dos motivos que levam a esse tipo de negociação e se o capital investido trará o retorno esperado. Isso quer dizer que o foco não deve estar voltado somente para o crescimento.
Qual é o papel da TI em um processo de fusão e aquisição?
A TI, quando bem inserida no contexto de um processo de fusão e aquisição, se torna uma ferramenta poderosa no momento de escolher os negócios que têm maior potencial e também na hora de facilitar a integração dos fluxos de trabalho, de informações e dos sistemas utilizados.
Nos tópicos a seguir, explicaremos alguns pontos que são fundamentais e como a TI pode fazer suas contribuições.
Gestão de ativos
A gestão de ativos em TI consiste na administração de todos os aspectos tecnológicos — sejam eles físicos ou virtuais —, adotando medidas para evitar desperdícios, não realizar investimentos ineficientes, contribuir para a cultura da inovação, fortalecer a estratégia, entre outros pontos.
Além disso, também mantém o foco em garantir a eficiência dos sistemas, gerar economias para a empresa, otimizar o uso de hardwares e softwares e oferecer agilidade no atendimento e na solução de problemas.
Dentro do contexto de M&A, é essa gestão que vai dimensionar a necessidade de investimentos, quais pontos são necessários, quais ajustes devem ser feitos, quais recursos precisam ser readequados, entre outras questões relevantes.
Troca de informações
A troca de informações em uma empresa é fundamental para o sucesso de qualquer empresa. É por meio dela que os processos se desenvolvem, que se identifica as necessidades dos clientes e se consegue elaborar respostas rápidas — além de outros pontos relacionados à gestão do conhecimento.
Em uma operação de fusão ou aquisição, definir esse fluxo é ainda mais importante, visto que novos processos são incorporados às operações e novos fluxos de trabalho passam a existir (enquanto outros podem desaparecer).
Nesse sentido, identificar e estabelecer como deve se dar a troca de informações é crucial para que as operações sejam bem-sucedidas.
Integrações de sistemas
Outro aspecto que é de responsabilidade da TI e deve ser planejado durante um processo de fusão ou aquisição é a integração dos sistemas e o intercâmbio de informações.
Além disso, também cabe ao gestor de TI definir quais ferramentas ainda serão utilizadas, quais devem ser trocadas, quais devem ser adquiridas e definir o escopo e o cronograma das mudanças.
Cultura da equipe
A cultura organizacional consiste em um conjunto de valores de uma empresa, compartilhado por seus membros, que dá a identidade para a organização, tornando-a diferentes das demais.
Quando existe um processo de fusão e aquisição, pode haver um choque cultural, principalmente se a visão de uma diverge totalmente da outra. Quando isso acontece, é necessário fazer um trabalho extenso com o RH, a fim de transmitir os aspectos culturais que se espera manter.
Isso vale para a equipe de TI. É preciso entender e absorver os valores e conseguir transmiti-los por meio do trabalho para alcançar os resultados esperados.
A participação da TI nessas negociações é fundamental para que elas sejam bem-sucedidas e alcancem os resultados em potencial. Entretanto, para que isso se torne possível, deve-se incluir os gestores da área de TI nas reuniões e no processo de tomada de decisão.
Assim, consegue-se identificar, desde o início, quais serão as principais dificuldades, os investimentos necessários e as mudanças que precisam ser promovidas na empresa. Além disso, eles podem elaborar um diagnóstico sobre a outra organização (que será fundida ou adquirida) e determina como, e se, elas podem complementar a estratégia de TI.
Nesse caso, entramos no que foi falado logo acima: identificar quais sistemas serão mantidos, quais serão trocados, quais informações devem ser integradas, como se dará o fluxo de dados, entre outros.
Assim, além de definir aspectos importantes como os custos e as finanças, as estratégias e o posicionamento de mercado, também se abrange os aspectos relacionados à TI e todas as outras áreas que recebem suporte do setor — como a logística, suprimentos, comercial, relacionamento com o cliente e RH.
Como preparar uma boa estratégia?
O sucesso do processo de fusão e aquisição de empresas depende de um planejamento bem estruturado, contemplando diversas questões que vão desde a análise das organizações, até a definição da governança corporativa. Aqui, a TI também atua de forma ativa. Confira, a seguir, alguns aspectos que não podem ser negligenciados na estratégia!
Levantamento de informações
Os gestores das empresas devem montar um dossiê com informações relevantes e detalhadas sobre os negócios. O ideal é que ele contemple dados sobre as carteiras de clientes, os sócios, contratos (com fornecedores e outros parceiros), investimentos, perspectiva de receita nos próximos períodos, entre outros.
Isso ajuda a criar uma base sólida a respeito da negociação e ainda permite que os envolvidos gerem conhecimento sobre aspectos importantes que podem gerar influência nos resultados posteriores. O documento também pode servir como suporte para a tomada de decisão e a definição de novas estratégias.
Due diligence
O due diligence — ou pente-fino — é uma auditoria realizada nas questões legais, fiscais e contábeis da empresa. Ele é feito assim que a negociação é fechada e também serve para gerar conhecimento para os gestores.
Vale lembrar que, nessa fase, a participação do gestor de TI é fundamental. Ele, com sua equipe, identificará e apontará os obstáculos que podem surgir com a integração. Entre eles, podemos citar:
- plataformas incompatíveis;
- falta de investimento em tecnologia;
- fluxos de informação mal estruturados.
Além disso, a empresa-alvo também deve ser avaliada do ponto de vista do modelo de serviços, se é feito algum trabalho com outsourcing, se existe o uso de dados e aplicações na nuvem, entre outros aspectos.
Com esse levantamento, torna-se possível apontar as oportunidades, a necessidade de mudanças e estimar os custos que serão gerados nas operações.
Acordo de acionistas
É um documento que serve para definir as responsabilidades dos sócios na participação da empresa e deve contemplar diversas situações essenciais para o sucesso da fusão ou aquisição. Os dois principais são:
Definição de atribuições
É o momento de estabelecer os cargos e funções que os empreendedores vão exercer. É comum que o dono da empresa responsável pela aquisição (no caso da compra) ou da maior organização (no caso da fusão) se torne o presidente, enquanto os demais empreendedores se tornam diretores.
O ideal é permitir que cada um cuide da área com a qual ter mais experiência, conhecimento e afinidade.
Governança corporativa
A governança corporativa é um conjunto de normas, políticas e regulamentos que as empresas estabelecem com o objetivo de regular a forma como uma empresa é gerida. Como agora existem duas (ou mais) culturas diferentes envolvidas, é importante criar uma nova regulamentação, contemplando os novos processos e gestores.
Entre as questões que podem ser definidas na governança, podemos citar a criação de um conselho de administração e a quantidade de membros que vão compor essa equipe, quantas indicações cada sócio poderá fazer e a criação de uma política a respeito da contratação de parentes, por exemplo.
Plataforma de aquisição
Aqui, a participação da TI é fundamental. É nesse momento que se analisa as ferramentas e informações disponíveis e a possibilidade de consolidá-las, unificando os processos das organizações.
Essa etapa pode gerar economia financeira, ao mesmo tempo em que torna a fusão e aquisição mais eficazes, considerando a arquitetura de TI e a integração entre os dados e os softwares. Com isso, aumenta-se a garantia de que a comunicação será eficaz e, consequentemente, contribuirá para o sucesso das operações e do negócio, posteriormente.
Planejamento do trabalho de integração
Para garantir que uma M&A possa dar início às operações de imediato, é preciso planejar os pontos relacionados à integração já de antemão. É comum que as empresas responsáveis pela fusão ou aquisição opte por manter alguns sistemas funcionando por determinado período de tempo devido ao fato de serem vitais para os processos e resultados.
Entre os principais, podemos citar:
- sistemas de RH (como a folha de pagamento);
- sistemas de logística;
- sistemas comerciais.
A partir daí, cria-se um cronograma para realizar as mudanças — quer seja integração ou a migração dos dados — e elabora-se as ações que precisam ser tomadas para que o serviço seja concluído dentro do prazo estimado. Em paralelo a isso, os objetivos da M&A podem ser planejados e colocados em prática.
Quais são as melhores práticas para sobreviver a uma fusão ou aquisição?
Além de toda a preocupação com as fases de planejamento e execução, também é necessário pensar nas operações depois que a M&A for concluída. Somente assim se aumenta as chances de obter sucesso com as mudanças. A seguir, listamos as melhores práticas.
Alinhe as estratégias
Dentro do plano de fusão e aquisição, deve-se contemplar os modelos de negócios, as principais diferenças entre eles e quais são os pontos fortes e fracos, por exemplo. O plano de integração da TI também deve fazer esse tipo de análise, principalmente em relação à tecnologia.
O objetivo disso tudo é identificar as melhores práticas, quais processos serão incorporados, quais fluxos de trabalho serão eliminados, entre outras decisões. No que diz respeito à infraestrutura, a estratégia é baseada no tamanho das operações e na capacidade que os sistemas têm.
Assim, por exemplo, é comum acontecer de os dados e sistemas da empresa menor serem migrados ou absorvidos para o da empresa maior. Ainda há outro cenário: a possibilidade de ser necessário contratar novas soluções, que suportem o novo volume de informações e seja escalável.
Defina as questões relacionadas à proteção e ao sigilo dos dados
A coleta, utilização, armazenamento e compartilhamento dos dados — principalmente os dos clientes — deve ser mantidos, pelo menos, com o mesmo grau da empresa adquirida.
Porém, o ideal é realizar um mapeamento dessas questões e verificar a necessidade de fazer uma proteção ainda mais rigorosa dos dados. Mais uma vez a TI e toda a sua infraestrutura entra como parte fundamental nesse processo.
Identifique leis e normas que precisam ser cumpridas
Isso é especialmente importante quando as empresas envolvidas estão localizadas em regiões distintas, ou quando vão operar em um setor mais regulamentado — como é o caso da área da saúde.
Nessa fase, o setor jurídico se torna responsável por identificar as leis, normas e regulamentos existentes e quais adequações precisam ser feitas nas operações para enquadrá-las nos aspectos legais.
Elimine processos duplicados e etapas desnecessárias para reduzir custos
Entre os objetivos de uma M&A, está a redução de custos com o aumento da eficiência. Para isso, deve-se mapear os fluxos de trabalho e identificar quais deles são duplicados e quais não agregam valor ao resultado final — sendo considerados, portanto, como desnecessários. Ao constatar que eles não influenciam na qualidade dos produtos e serviços, devem ser eliminados.
Olhando por outro lado, a falta de processos pode ser um fator negativo, que impede o corte de gastos. Um bom exemplo disso é quando a integração entre os sistemas não ocorre como esperado e a troca de informações não acontece de maneira fluida. É por isso que a participação da TI é tão importante para garantir essa sinergia.
Planeje e minimize as interrupções
Durante o período de transição, o ideal é minimizar quaisquer interrupções nos processos empresariais — principalmente os que lidam diretamente com o cliente — e realizar as mudanças de maneira suave e, de preferência, em períodos em que a demanda se encontra mais baixa.
Essa é uma forma de garantir que o público ainda receba um atendimento de qualidade e tenha a experiência de compra satisfatória, ao mesmo tempo em que se consegue concluir as transações necessárias para completar a fusão ou aquisição.
Crie estratégias para reter talentos
A realização de uma fusão ou aquisição já gera grandes impactos para as organizações, com riscos de afetar a produtividade e lidar com algumas ineficiências temporárias. Somando-se isso à saída massiva de talentos, os prejuízos podem ser incalculáveis, principalmente se tratando do conhecimento sobre os processos.
Em outras palavras, se pessoas importantes decidirem não continuar mais na empresa, existe a chance de que conhecimentos críticos sejam perdidos definitivamente. Sendo assim, é necessário alinhar com o setor de RH algumas soluções para evitar essas perdas.
Isso ajuda a garantir que a empresa terá menos dificuldade em definir estratégias, visto que essas pessoas podem ajudar a criar um histórico, padronizar os processos e ainda sugerir melhorias que podem proporcionar bons ganhos nos resultados.
Como, atualmente, as empresas são cada vez mais dependentes do uso de soluções tecnológicas, o papel da TI se torna ainda mais relevante. Quando há a compreensão dessa importância, aumenta-se as chances de conseguir formar uma fusão e aquisição bem-sucedida.
Por isso, podemos dizer que a tecnologia da informação exerce um papel estratégico não só no dia a dia das operações, mas também oferece um suporte essencial na realização de grandes mudanças, orientando para decisões mais acertadas.
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Olá, adorei esse conteúdo!
Atualmente estou assessorando uma possível fusão e os processos, assim como as soluções de tecnologia precisam ser bem orquestrados. Concordo plenamente com o conteúdo! 🙂