Você se alimentaria com carnes criadas em laboratório? Especialistas em tecnologia que trabalham hoje pensando em como será o futuro da alimentação acreditam que sim. Ideias como essa deram origem ao The Future Market, um laboratório alimentar criado para encontrar soluções para a alimentação nos próximos 25 anos.
Além de pensar em novos alimentos, o laboratório projeta ainda novos equipamentos que possam ser úteis na fabricação de itens de alimentação. A ideia é criar soluções acima de tudo sustentáveis e que possam ser adotadas em grande escala, seja via agricultura ou mesmo a partir de experiências de laboratório.
Em 2013, duas pessoas tiveram a oportunidade de provar ao vivo na TV hambúrgueres feitos em laboratório. Os comentários foram “um gosto mais intenso” e “uma textura e um gosto igual ao de uma carne normal”. Porém, a falta de gorduras naturais deixou o alimento um pouco seco. Contudo, o consenso foi de que o produto estaria aprovado.
Hoje, cinco anos depois dessa experiência, há pelo menos sete empresas interessadas no desenvolvimento de carnes em laboratório. Algumas delas esperam começar a vender os seus primeiros exemplares ainda esse ano. A entrada de um produto como esse no mercado pode representar uma quebra de paradigmas no mercado.
Comer carne, de uma forma ou de outra, sempre representou em alguma medida a morte de um animal. As carnes de laboratório podem por um fim a essa ideia – sem, necessariamente, desagradar os carnívoros. Porém, há desafios a serem vencidos pela indústria: como convencer o público de que carne de laboratório também é carne?
Para criar carnes em laboratório, os cientistas utilizam células satélite — células que podem se transformar em células musculares — e deram a elas todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento. Considerando a temperatura ideal e os movimentos necessários, o resultado é um tipo de carne que pode ser consumida normalmente.
O processo, é claro, é muito mais complexo do que isso e ainda vem passando por processos de refinamento, mas o objetivo é claro: obter o mesmo tipo de carne que você come hoje, mas sem a necessidade de matar um animal. “A coisa mais importante para nós é criar um produto que seja realmente bom”, afirma Josh Tetrick, CEO da Just, uma das empresas que trabalha no desenvolvimento.
Entidades de proteção aos animais, como a PETA, também apoiam a iniciativa. “Vai acontecer. As pessoas mais novas estão muito ansiosas por isso. É novo e faz sentido. Não é a ideia dos nossos avós sobre o que devemos comer”, destaca Ingrid Newkirk, presidente da PETA.
O maior desafio, no entanto, ainda é mudar a ideia que as pessoas têm com relação ao que são as carnes de laboratório. Pesquisas iniciais indicam que a rejeição em provar os novos produtos ainda é grande, mas ela diminui à medida que as pessoas têm a oportunidade de provar. Alguns chegam a afirmar que as comidas de laboratório “são nojentas”.
As carnes de laboratório vão requerer uma completa mudança de paradigma. Em outras palavras, esqueça tudo o que você pensa sobre o assunto e, se possível, dê tempo ao tempo e uma oportunidade a si mesmo de provar esse tipo de alimento. Será que ele conseguirá te surpreender positivamente?
Fonte(s): Engadget