O mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain chegou em um patamar de popularidade sem precedentes em 2021, com NFT sendo um dos principais destaques deste setor. Este termo, que é a sigla para “non fungible token” (token não fungível), chegou a ganhar o prêmio de palavra do ano do Dicionário Collins e liderou a lista de maiores influenciadores da arte pela ArtReview.
Essa nova modalidade de ativo tem ganhado cada vez mais espaço em diversos segmentos do mercado, muito em conta pela grande quantidade de pessoas famosas que estão comprando ou lançando coleções neste formato, além do alto valor visto em alguns desses tokens, que chegam a custar dezenas de milhões de dólares.
Mas afinal, o que são NFT? Eles funcionam da mesma forma que as criptomoedas como o Bitcoin? Quais suas vantagens? Este mercado veio para ficar ou será apenas uma moda passageira? Para responder essas perguntas, preparamos este artigo que pode ajudar você a se inteirar sobre esta tecnologia que tem se tornado uma tendência mundial.
NFT pode ser definido como um token digital que visa representar algo, seja do mundo físico ou virtual, criado em blockchain – geralmente na blockchain Ethereum, rede onde mais de 80% dessa modalidade de ativo é criada.
Devido a isso, NFTs são geralmente confundidos como uma forma de criptomoeda, mas o seu propósito é outro. Enquanto Bitcoin e o Éter (token nativo da rede Ethereum), por exemplo, possuem a função de serem um meio de pagamento e reserva de valor, tokens não fungíveis existem para serem ativos únicos.
Por exemplo, existem 21 milhões de unidades de Bitcoin que são exatamente iguais em valor e propósito. Um Bitcoin sempre será igual outro Bitcoin. Isso não é visto em NFTs. A própria rede blockchain garante que cada token criado neste formato seja exclusivo, não podendo haver cópias autênticas do mesmo.
Para entender como isso funciona, vamos dar um exemplo do mundo físico. Imagina que você encontra um artista vendendo uma réplica exata do quadro Mona Lisa. Mesmo que a imagem, o tamanho da tela e as proporções sejam iguais, você sabe que este quadro não é a obra verdadeira de Leonardo da Vinci e jamais irá valer tanto como a original, não é mesmo?
Através dos NFTs, o mesmo conceito pode ser aplicado no mundo digital. Ao criar um quadro neste formato, por mais que a imagem possa ser copiada e usada por outros usuários, somente o detentor do token não fungível possui a imagem original. Dessa forma, a ideia de escassez e autenticidade pode ser aplicada no mundo digital como nunca antes.
Os conceitos de escassez e autenticidade digital ajudam a entender porque alguns desses tokens estão sendo vendidos por valores exorbitantes. O artista Beeple, por exemplo, vendeu uma de suas obras em NFT por US$ 69 milhões em um leilão no ano passado. Por mais que a imagem dessa obra esteja disponível na internet, somente o comprador do token pode ser considerado o seu dono, e só ele pode vender a obra para outra pessoa caso queira.
Inicialmente, NFTs ganharam destaque no mundo das artes, onde diversos artistas passaram a produzir e vender suas obras neste formato. No entanto, não demorou para que músicos também disponibilizassem seus trabalhos neste formato. Já imaginou ter acesso exclusivo a uma música do seu artista preferido? Isso é possível, desde que ele lance uma faixa musical neste formato e você consiga comprá-la, é claro.
NFTs também passaram a ser explorados como alternativas comerciais no mundo dos esportes, onde times e atletas lançaram coleções próprias neste formato. A NBA faturou milhões de dólares com seus cards digitais colecionáveis Top Shot.
Até mesmo o mundo dos jogos digitais se rendeu a esta tecnologia. A Ubisoft foi uma das primeiras empresas deste setor a anunciar que venderia itens customizáveis de seus jogos em NFT, garantindo que cada jogador possa ter um item exclusivo de seus jogos preferidos. Outras empresas deste mercado estão seguindo o mesmo caminho.
Diversos benefícios trazidos com os NFTs ajudam a entender porque este mercado está cada vez maior, chegando a movimentar bilhões de dólares todos os meses. Para criadores de conteúdo, é uma forma mais prática de mostrar e vender suas obras.
Ao invés de vender um quadro numa galeria, um pintor pode transformá-lo em NFT e leiloá-lo para pessoas de todos os cantos do mundo, conseguindo um comprador de forma muito mais fácil e rápida. Colecionadores de obras também se beneficiam disso, ao conseguirem comprar e já usufruir de seus tokens com apenas alguns cliques.
Apesar da euforia do mercado em relação a algumas coleções, os NFTs trazem um novo jeito de adquirir ativos, sem que haja intermediários. Você pode comprar diretamente do criador algo autêntico, sem que seja necessária uma terceira parte para comprovar essa originalidade ou que faça a venda do ativo.
Mas nem tudo tem sido positivo para este mercado. Por serem criados em blockchain, NFTs estão sendo vistos como prejudiciais ao meio ambiente, devido à grande quantidade de energia que é gasta na criação desses tokens. O grupo de k-pop BTS, conhecido por defender causas ambientais, recebeu diversas críticas de seus fãs ao anunciar uma coleção neste formato. No entanto, já existem protocolos e redes blockchain que prometem reduzir os gastos de energia vistos neste processo.
O alto valor visto nestes tokens também é alvo de críticas. Para muitos, se cada vez mais obras e coleções forem comercializadas neste formato, isso acabaria elitizando e dificultando o acesso a conteúdo de diversos segmentos.
Existem diversos marketplaces especializados no comércio e leilão de NFTs, sendo os maiores a OpenSea, Binance NFT e Coinbase NFT. Geralmente, esses ativos são negociados em criptomoedas, em especial o Éter (ETH).
Por isso, caso você queira comprar um NFT, terá que primeiro trocar seu dinheiro pela criptomoeda usada durante a negociação do token. Além disso, você precisará ter uma carteira cripto para armazenar o seu ativo.
Não há como ter uma resposta exata sobre esta pergunta atualmente. Realmente, o mercado está em extrema euforia em relação a este meio e diversos tokens estão sendo vendidos por valores irracionais. É possível que haja uma regressão à média em certo momento, causando uma desaceleração geral neste segmento.
No entanto, é bem provável que alguns setores continuem investindo e aderindo a esta classe de ativo, em especial o da arte e dos games. Além disso, NFTs serão algo essencial em projetos de realidade virtual e metaverso, que ao que tudo indica, será uma tendência dos próximos anos no mundo da tecnologia.
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